ADOLFO LONA

Estas são expressões que traduzem a carga de subjetividade que pode chegar a ter a degustação de um vinho ou espumante. 
Já uma avaliação feita por expertos consegue ter mais objetividade por conta do conhecimento e experiência que eles possuem. Com isso conseguem deixar de lado preferências pessoais e julgam utilizando critérios qualitativos universais.

Por esta razão que fico muito orgulhoso do resultado do TOP FIVE do Encontro de Vinhos que aconteceu em São Pauloque colocou entre os melhores nosso espumantes Nature Rosé ORUS. É a primeira vez na história do evento que um produto brasileiro é escolhido para formar parte deste seleto grupo. 

Ele é efetivamente diferente pela forma de elaboração no método tradicional (champenoise) com 12 meses de contato com as leveduras e 12 meses mínimos, de envelhecimento após degourgement ou separação das impurezas. Cada mês transcorrido é importante e faz parte da lenta evolução que torna o ORUS nesse produto de delicada cor, complexos e agradáveis aromas e sabor longo, amável e marcante. Poderá não gostar do ORUS mas com certeza não o esquecerá.

Nature Rosé ORUSEste espumante de apenas seiscentas e poucas garrafas anuais resume quase quarenta maravilhosos anos de experiência enológica no Brasil. 
Passam-me pela memória os anos setenta quando na Martini o foco era separar as verdadeiras uvas viníferas das falsas, ensinar a colher e carregar corretamente as uvas, a implantação de novas castas como Merlot e Cabernet Franc e a elaboração e lançamento do espumante De Gréviile, considerado o melhor do país por muitos anos. 
Os anos oitenta quando iniciamos a introdução de Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Chardonnay, dos problemas que enfrentavam – e descobrimos alguns anos depois – as mudas importadas sobre o porta-enxerto SO4, do inicio da elaboração do Baron de Lantier, o primeiro vinho maturado em barricas de carvalho – de verdade – e envelhecido na garrafa antes da liberação para o consumo, dos prêmios que ganhou. 
Já nos anos noventa começa a grande desilusão quando Bacardi adquire a Martini mundialmente. A troca de cultura foi fatal para o futuro dos espumantes e vinhos na nova companhia. Apesar dos esforços feitos na Casa Vinícola De Lantier já no novo século, com o lançamento da Série Regionais quando elaboramos vinhos de diferentes terroir, Ametista e Planalto no norte do estado, Pinheiro Machado na Serra do Sudeste e na Serra Gaúcha, percebi que minha missão nessa empresa tinha chegado ao fim. Abandonando a cômoda situação de Diretor de Operações decidi iniciar minha carreira solo, criando minha pequena produtora familiar, artesanal. 

As dificuldades são imensas, desde enfrentar a vergonhosa carga tributária que impede que cresçamos, a agressividade de alguns colegas que por incrível que pareça tem medo de pequeno, da total indiferença das entidades de classe que alem de não ajudar, atrapalham, do selo, da salvaguarda, etc, etc.

Apesar de tudo isto, nada consegue apagar a doce sensação de saber que fazemos o que gostamos e de que outros gostam do que fazemos.