Jairo Monson Filho

Jairo Monson Filho

Beber espumante de maneira moderada e responsável é mais que um gesto de bom gosto e elegância. É também saúde. Vejamos o que nos mostram alguns estudos científicos. A champanhe adquiriu glória no início do século XX, quando se tornou um símbolo da Belle Époque e passou a estar associada ao prestígio social e às comemorações. Porém, desde o final do século XIX ela era reconhecida pelas suas virtudes medicinais. 

               Renomados médicos dessa época a indicavam para má digestão, reumatismos, como diurético, anti-séptico e estimulante, para alegrar o espírito e fortalecer o corpo. 
               Nos últimos anos a ciência médica tem feito estudos que comprovam os benefícios dessa virtuosa bebida. É bem sabido que o baixo teor alcoólico 
junto com quantidades apreciáveis de potássio, magnésio e gás carbônico estimula o apetite e melhora a digestão, porque aumenta a produção de enzimas digestivas na boca, estômago e duodeno (porção inicial do intestino). 
                A sua ação diurética associada a quantidades significativas de potássio e magnésio é muito interessante em uma série de situações clínicas. 
                O efeito anti-reumático ocorre porque substâncias do espumante inibem a ciclo-oxigenase, enzima que desencadeia o processo inflamatório. 
                A serotonina é um neurotransmissor que está diminuído no cérebro das pessoas com depressão. A tiramina, que existe em grande quantidade nos vinhos espumantes, é a substância precursora da serotonina. Este é o provável mecanismo do efeito antidepressivo dessa bebida. Dr. Boyer e colegas, na França, demonstraram um aumento significativo de serotonina e dopamina (o hormônio da paixão!) no sangue de pessoas que beberam champanhe
               O espumante também tem muito N-acetil-etanolamina, substância que age estimulando o sistema límbico, no cérebro, onde está o centro do prazer e da sexualidade. Este neurotransmissor mais a dopamina são, possivelmente, os principais responsáveis por esta nobre bebida ser o afrodisíaco mais usado atualmente. 
                A Champanhe é a mais feminina e majestosa das bebidas. Jeanne-Antoinette Poisson (29/12/1721- 15/04/1764) – a Madame de Pompadour ou Marquesa de Pompadour – conselheira íntima de Luis XV, foi a mulher mais influente de sua época. Viveu intensamente num momento em que houve grandes avanços na ciência e no pensamento. Grandes cientistas e pensadores seus contemporâneos faziam parte de seu círculo de amizades. Gente como Voltaire, Rousseau e Diderot. Ela, com toda sua perspicácia e inteligência disse: “A champanhe torna as mulheres mais belas e agradáveis”. 
                Os polifenóis são os responsáveis pela maior parte dos efeitos benéficos dos vinhos tranqüilos. Os vinhos espumantes têm uma quantidade apreciável deles. Por isso os efeitos dos polifenóis para a saúde também têm sido encontrados na champanhe. Dr. Vauzour e colegas do Grupo de Nutrição Molecular da Faculdade de Farmácia, Alimentos e Química da Universidade de Reading, no Reino Unido, encontraram um potente efeito protetor para células do cérebro de ratos tratados com extrato de vinho espumante. Este estudo, que teve grande repercussão no meio científico, é muito promissor. 
Num futuro próximo poderemos ter comprovação de outros importantes efeitos benéficos dos espumantes. O Dr. Fran Ridout e colegas do Centro de Pesquisas Médicas HPRU e do Departamento de Gastroenterologia do Hospital Geral de Epson, no Reino Unido, mostraram que a presença de gás carbônico na bebida faz com que a absorção do álcool seja mais rápida. É por isso que vinhos espumantes, mesmo com baixa graduação alcoólica (exemplo: tipo Asti), ‘pegam’ mais fácil. É preciso ter cuidado com isso. 
                 Ao levantarmos uma taça de vinho espumante e bradarmos “Saúde!”, estamos expressando uma verdade e não apenas manifestando um desejo.